JSON Variables

Eduardo Marinho - Reflexões

Audio original
:

Eu sinto muito fortemente que a gente não começa quando nasce e nem termina quando morre.

Eu me baseio no seguinte, a minha mãe, ela morreu com 99 anos, ela passou 5 anos de cama, depois de 20 anos a gente já estava mantendo uma relação distante mas a gente já se via, eu ia na casa dela e tal, os últimos cinco anos ela nem no banheiro sozinha não podia, tinha que ter alguém fazendo tudo para ela, água com espessante e comida na boca é uma vida que, ninguém gostaria de uma vida dessa entendeu e eu ficava pensando nisso mas ficava calado, e uma vez uma senhora me falou, sua mãe ainda vai viver uns 10 anos 20 anos eu olhei bem para ela e disse, escuta você gostaria de estar no lugar dela você gostaria de estar no lugar dela?,  desse jeito aí sem condição de levar uma colher na boca você quer que ela fique assim mais quantos anos, todo mundo me olhou estranho, eu disse assim cara se eu tivesse na condição da minha mãe eu já teria morrido de raiva, de tédio, de cansaço, de tristeza de qualquer coisa mas não estaria vivo, isso não é vida, quando ela foi embora para mim foi um alívio, e eu demonstrar esse alívio parece uma perversidade para quem tá olhando, isso é indiferente isso é insensível, insensível graças a Deus ela tá livre dessa carcaça que não deixava ela fazer nada, eu sinto muito fortemente que a gente não começa quando nasce e nem termina quando morre, eu não consigo achar que a gente é só matéria, então para mim nascimento e morte não tem o mesmo aspecto que para a maioria das pessoas e nem para esta cultura social, morte nunca foi uma desgraça, e se eu choro pela morte de alguém é por saudade não é por lamento, eu nunca falei perdi uma pessoa!, não perdi ninguém!, o afeto une a gente e a gente vai se encontrar de novo, o afeto igual o magnetismo cara, quando você tiver na mesma dimensão, você vai sintonizar, isso é sintonia de frequência, não tem porque a morte ser uma tragédia a não ser a ânsia pela matéria, por isso que as pessoas se centram tanto em comprar, consumir, constitui patrimônio, porque elas têm a sensação inconsciente que não morrer, que a morte é uma desgraça que só acontece com os outros, eu só to olhando a vida então não tenho crédito e nem preciso ter, o único crédito que eu preciso ter é o meu, a única provação que eu preciso ter é a minha, da minha consciência, se ela me aprova, não tem desaprovação que me abale.



Eduardo Marinho:
http://observareabsorver.blogspot.com

Deixe seu comentário!

Post a Comment

      Gostou do conteúdo? compartilha essa experiência!

Postagem Anterior Próxima Postagem